 “Me bastó con dar un paso dentro de la muralla para verla en toda su grandeza a la luz malva de las seis de la tarde, y no pude reprimir el sentimiento de haber vuelto a nacer”. - Gabriel Garcia Marquez, "Vivir para contarla": Este o guia cujos passos seguimos em busca de uma Cartagena real e imaginária...
[Ver video "La ciudad amuralldada, by J Flag clicando no link abaixo]. |  "De tanto ouvir falar [de Cartagena] desde que nasci, identifiquei de imediato a praceta onde estacionavam os carros de cavalos e carroças de carga puxadas por burros e, ao fundo, a galeria de arcadas onde o comércio popular se tornava mais denso e buliçoso." (Gabriel García Márquez, "Viver para contá-la") |  E ali, sob o arco da Torre do Relógio, lá estava Gabo à nossa espera para que nos levar Cartagena adentro como se eu fosse o Florentino Ariza e ela Firmina Daza de "O amor em tempos de cólera".
[Ler o artigo "A la luz malva de Cartagena a las seis", in El Pais, clicando no link abaixo] |
---|
 Duas simpáticas alfarrabistas, conhecedoras da obra de Gabo, aconselharam-nos a adquirir "O amor nos tempos da cólera" para mapearmos
os lugares por onde Florentino Ariza persegue até à velhice Fermina Daza, seu amor da adolescência. |  "Antes, chamava-se "Portal de los Dulces, com os toldos de lona apodrecidos e os mendigos que vinham comer as sobras do mercado, e os gritos agoirentos dos índios que cobravam caro para não cantar ao cliente o dia e a hora em que ia morrer."
- Gabriel García Márquez, "Viver para contá-la" |  "Depois foi ter com as doceiras sentadas por trás das enormes redomas e comprou seis doces de cada qualidade, apontando-os com o dedo através do vidro, porque não conseguia fazer-se ouvir no meio da gritaria: seis papos-de-anjo, seis de leite, seis de gergelim, seis daquele, seis de tudo".
- Gabriel García Márquez, "O amor nos tempos de cólera" |
---|
 "Submergiu na algaraviada quente dos engraxadores e dos vendedores de pássaros, dos alfarrabistas, dos curandeiros e das doceiras que anunciavam aos gritos por cima da confusão os sumos de coco e ananás para o rapaz, os de coco para os loucos e os de canela para a Micaela." (Gabriel García Márquez, "O amor nos tempos de cólera") |  Originárias da povoação de San Basilio de Palenque, as “Palenqueras” são estas mulheres bonitas, descendentes de escravos, que deambulam por Cartagena com um sorriso no rosto, vestidas de arco-íris e fazendo crescer água na boca aos turistas com uma exótica mistura de sabores de frutos caribenhos que saboreei para assim ter direito a posar com elas para a foto.
[Ver mais no link abaixo] |  Perto da meia-noite, o Portal de los Dulces enche-se de bailadores que se misturam com os vendedores de mangas, "las palenqueras", os mimos, os contrafatores de charutos e os turistas. O aroma das bolas de tamarindo e das "conservitas de leche" misturam-se com o som retumbante dos tímbales, do bongó, das maracas e da conga. Na esquina, entro no "Donde Fidel", onde se ouve e dança a mais pura salsa de Cartagena. |
---|
 Getsenami “barrio de bravos leones, sinceros de corazones, y amables en el tratar”.
- Da canção ‘El getsemanicense’, de Lucho Pérez, que se tornou hino do bairro.
- Ver vídeo no link abaixo. |  Deambulo de grafitti em graffiti por Getsenami, um verdadeiro “festín” de cores pintadas em fachadas e muros.
[Ver vídeo sobre o "Vallenato", a música tradicional da costa norte da Colômbia clicando no link abaixo} |  "Caminar: leer un trozo de terreno, decifrar un pedazo do mundo" (Octávio Paz), e ao virar uma esquina, à hora de maior calor, nos refugiarmo-nos na livraria Ábaco e decifrando os pedaços do mundo escritos por Hector Abade Facciolince em "El olvido que seremos". |
---|
 Gabo levou-nos ao seu restaurante preferido: La Cocina de Pepina, onde começámos com: camarões com molho de abacate e "boronia"; depois, uma divinal sopa caribenha de sabores cremosos e odores marítimos intensos intensos: galinha, camarões, lagostins...
[Entrem na La Cocina de Pepina no link abaixo] |  Mercado de Bazurto, nos arrabaldes de Cartagena: corredores estreitos, tugúrios, lixo encontrões, ruído. Cuidados com o telemóvel e com a carteira. Caos. Cheiro a comidas, frutas apetecíveis. Assim é o Mercado de Bazurto com gente vendendo, comprando e comendo em tascas improvisadas ao som de cassetes de "champetas" e "vallenatos". |  No mercado de Basurto, (nos arrabaldes de Cartagena) que se estende caótico num labirinto de passagens, há frutos tropicais, peixes do mar do Caribe e do rio Magdalena, carnes de toda a espécie, algumas delas pouco recomendáveis para bocas europeias, como tatus e outros roedores. |
---|
 Dou comigo no sector do ‘Pescado Frito’. Enormes fogões ao livre alimentados a fogo da madeira de paletes. Paredes negras tisnadas pelo fumo que sobe no ar desde enormes caldeirões. Frigideiras onde nadam em óleo fervente postas de peixes "sierra" "bocachica" e "mojarra". |  -“Venga, mi niño, pida lo quiera, y pregunte por lo que no vea!” - exclama uma cozinheira ao ver-me a olhar para a sua bancada. - "Hay arroz de coco, blanco, de mariscos, hay arroz con cangrejos, hay sancocho de pescado en zumo de coco, hay cazuela de mariscos!" |  Tivesse eu cabelo e barba, e teria aproveitado. |
---|
 O projeto das muralhas de Cartagena, que durou quase dois séculos, foi concluído em 1796 com a finalidade de defender a cidade de possíveis ataques piratas. O centro histórico está cercado por 11 quilômetros desses muros imponentes de pedra que são complementados com fortalezas e baluartes, donde é possível contemplar o pôr do sol sobre o mar Caribe.
Ver vídeo clicando no link abaixo. |  A 45 minutos de Cartagena de Índias, no Caribe colombiano, ao sul da ilha de Tierra Bomba, situa-se Bocachica, um pequeno "pueblo" de pescadores, cheio de historia onde cada habitante conta a sua versão sobre a história do lugar, documentada nas muralhas do forte de San Fernando. |  Fortaleza de San Fernando (séc. XVIII):
«Piedra para hacer la cal por ser de buena calidad para ello, y para hacer obras de mampostería y cantería labrada, para cimientos, retretas y ángulos: y para moldurar [sic] en obra toscana, garitas y cosas semejantes, por ser franca y de color caña blanquisca [sic] de buen grano».
Antonio Arévalo, 1772. "Tomado de Cartografía y relaciones históricas de ultramar". |
---|